A Casa de meu Pai, o Universo e o Templo Celestial

A Casa de meu Pai, o Universo e o Templo Celestial

A Bíblia dedica apenas 2 capítulos à criação de todo universo, por outro lado, ela gasta  mais de cinquenta capítulos para falar sobre a construção do Tabernáculo que era um templo itinerante.  Esse é um assunto misterioso, pois Deus, que está além do tempo, espaço e matéria, pede ao homem que lhe construa uma casa. Salomão, que edificou o primeiro templo declara:

(…) quem seria capaz de lhe edificar casa, visto que os céus e até os céus dos céus o não podem conter? E quem sou eu para lhe edificar a casa? (…)

 2 Crônicas 2.6

Deus que os céus não o podem conter, escolhe um determinado local na terra para colocar o seu nome. Ele responde a Salomão:

(…) Ouvi a tua oração e a tua súplica que fizeste perante mim; santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias. 

I Reis 9.3

Deus escolheu não apenas um local de culto, mas toda uma cidade onde queria habitar. 

Pois o Senhor escolheu a Sião, preferiu-a por sua morada:

Salmos 132:13 (ARA)

Escolheu, antes, a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava.

Salmos 78:68 (ARA)

Lembremos que Sião é sinônimo de Jerusalém. A Jerusalém antiga, era chamada Sião.

Vejamos:

 Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi. 

(II Samuel 5.7).

A Bíblia dedica mais de 50 capítulos à meticulosa construção do Tabernáculo, refletindo não apenas um local de encontro divino, mas também um padrão fractal que simboliza os segredos do universo, com o Tabernáculo terrestre servindo como um reflexo direto do eterno celestial. A Bíblia diz: 

Levantarás o tabernáculo segundo o modelo que te foi mostrado no monte. 

 Êxodo 26.30 

E me farão um santuário / מקדש / mikdash para que 

eu possa habitar no meio deles ( no meio das pessoas).

 Êxodo 25.8

Esse santuário que foi inicialmente o Éden, voltou a existir com o Tabernáculo, ou Mishkan. O propósito do Mishkan / tabernáculo, e posteriormente do Templo que foi outro mishkan (só que fixo e não móvel), foi recriar um espaço onde o Homem e Deus pudessem se unir novamente.

Em hebraico a palavra tabernáculo é mishkan / מִשְׁכָּן. Mishkan é um local de habitação.

A palavra mishkan / מִשְׁכָּן está relacionada a palavra shochen/ שוכן , que significa “ele habita”. Interessante é o lugar onde Ele habita é também o lugar da sua Shechinah / שְׁכִינָה, ou seja, do seu Divino Espírito! 

tabernáculo  =  mishkan / מִשְׁכָּן 

Ele habita  =  shochen / שוכן

Divino Espírito  =  Shechinah /  שְׁכִינָה

Em Português a palavra tabernáculo não se assemelha em nada a palavra Shechinah, ou Shekina como as pessoas dizem, mas em hebraico, o lugar da habitação se Deus, o tabernáculo leva o nome do Espírito de Deus, ou seja, da Shechinah de Deus.

Se pudéssemos inventar uma palavra para tabernáculo que expressasse a correlação que existe no hebraico poderíamos dizer: O Espírito, a Shekinah de Deus, habita no Shekináculo. Ou melhor: A shekinah de Deus, shekinah no shekináculo.

Foi no templo em já havia sido construído em Jerusalém que o pai de João Batista recebeu a notícia de que sua esposa Isabel ficaria grávida. Foi também no Templo, ou no Mishkan, que Simeão encontra com os pais de Jesus e profetiza que Yeshua seria 

“luz para os gentios e glória para o povo de Deus: Israel” 

Lucas 2.32

O Templo terreno em Jerusalém, o Beit HaMikdash / בֵּית־הַמִּקְדָּשׁ  reflete o Templo celestial  Beit  shel Maalah /  של מעלה  . 

A Jerusalém terrena tem sido devastada durante séculos pela guerra, em contraste, Yerushalayim shel maalah / של מעלה   sempre esteve sob a soberania de Deus. 

O templo terreno é uma sombra dimensional inferior do Templo Celestial. Na verdade, não é somente o Templo terreno de Jerusalém que foi uma sombra de algo maior, podemos dizer que o  nosso mundo inteiro é uma sombra da realidade que é dimensionalmente superior ao que experimentamos aqui, no nosso universo limitado. Nesse ponto não estou propondo uma fantástica viagem ao mundo da fantasia religiosa. 

A matemática por trás da teoria Superstring aponta para essa ideia. O misterioso universo, com estrelas e galáxias brilhantes executam um balé poético através de um mar de escuridão incompreensivelmente vasto. A bíblia afirma o que foi descoberto pelos cientistas: O universo se expande.

 Ele estende os céus como uma cortina.

 Salmo 104.

O universo se expande como um tecido que é esticado. 

עֹטֶה־אֹור כַּשַּׂלְמָה נֹוטֶה שׁמַיִם כַּיְרִיעָה

Ele se cobre de luz como se fosse uma roupa. Ele estende os céus como uma cortina.

Salmos 104:2

O universo em expansão implica um começo. Uma vez que o universo está se expandindo, basta rebobinar a fita fazendo tudo contrair, até chegar a uma singularidade, ao início: 

No princípio Criou Deus os céus e a terra.

 Gênesis 1.1

Na época de Jesus, a administração do templo estava contaminada. A escolha dos sacerdotes não estava obedecendo os critérios bíblicos! Havia inúmeros problemas, mas, mesmo assim, Yeshua chamou aquele local de “a casa de meu pai”. Ele sabia que aquele era um local santo. Vejamos: 

Então, haverá um lugar que escolherá o Senhor, vosso Deus, para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar fareis chegar tudo o que vos ordeno

 Deut. 12.11

O evangelho de Marcos relata que Yeshua proibia pessoas circulando carregando utensílios pelo Templo. As pessoas não poderiam simplesmente atravessar de um lado para o outro da cidade cortando caminho através da área do templo. Vejamos: 

Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo;

 Marcos 11.16 

Yeshua ao proibir a circulação de mercadorias na área do Templo estava agindo de acordo com as considerações rabínicas da época que proibiam que alguém usasse aquela área como atalho. Todos teriam que dar a volta ao redor do templo pois a santidade daquele espaço deveria ser mantida. 

Porque será que quase ninguém se lembra que Yeshua proíbe a circulação por lá? Porque ninguém repara no fato que Yeshua não apenas cumpriu a lei escrita mas também seguiu as orientações, os detalhamentos da lei, formulados pelos líderes espirituais da época? 

É normal ver grupos de turistas circulando na plataforma onde o templo fica sem discernir onde estão pisando. Apenas os judeus religiosos têm consciência dessas demarcações e por isso, quando andam por essa área, respeitam os limites prescritos na literatura judaica, na Mishnah Eruvin, exatamente como Yeshua fez. 

De acordo com o Talmude um dos livros básicos da religião judaica que contém a lei oral, a doutrina, a moral e as tradições dos judeus  os locais destinados para a venda de pombos não eram na plataforma do Templo mas no Monte das Oliveiras. Na época de Yeshua entretanto, os líderes corruptos saduceus que controlavam o Templo afrouxaram essa regra que visava preservar a santidade do local. Mas Yeshua não age assim, ele tinha tamanho zelo pela Casa de Deus que, além de proibir a circulação, ele também repreende aqueles que, ao invés de venderem os animais que seriam ofertados nos sacrifícios por um preço justo e no local certo, estavam inflacionando o preço e ainda usando um espaço sagrado para fazê-lo. 

David, que nunca viu o templo construído mas fez preparativos para sua construção declarou: 

(…) o zelo da tua casa me consumirá (…) Salmo 69.9 

Davi amou aquele lugar mesmo antes dele existir. Ele, que nunca viu o templo pois só foi construído após a sua morte, deu do seu tesouro pessoal para se realizar essa obra:

E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho dou para a casa de meu Deus, afora tudo quanto preparei para o santuário: 

I Crônicas 29.3

O zelo que Davi sentiu se conecta com o que Yeshua sentiu ao expulsar do templo os cambistas e comerciantes. 

  E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas,

 virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito:

 O zelo da tua casa me consumirá. 

João 2.14-17

Enquanto nas escrituras as destruições do primeiro e segundo templos são lamentadas existindo inclusive um livro inteiro com poemas tristes e pedidos de perdão, os leitores modernos da bíblia, desconectados da realidade do templo imaginam que, depois que Jesus veio, o templo perdeu sua importância pois agora apenas nós somos o templo do Espírito Santo. 

Teologias distantes da fé original normalmente se reinventam afirmando: Depois que Jesus veio…isso mudou, depois que Jesus veio aquilo mudou. Esse pensamento parece bastante convincente pois coloca Yeshua como protagonista de uma novidade, de uma mudança, e dá a ideia de que aqueles que seguem essa novidade, essa mudança estariam avançando em direção a um caminho mais elevado, mais espiritual, mais isso, mais aquilo.

Não é necessário ser um gênio para descobrir que esse tipo de entendimento não tem sustentação e que não passa de uma estratégia para se suplantar a “antiga religião dos judeus” e se criar “a nova religião dos gentios”.

Dentro dessa visão auto-promocional, o Espírito Santo passou a habitar nas pessoas tão somente depois da vinda de Jesus.

Isso contradiz o que já vimos:  

E me farão um santuário para que 

eu possa habitar no meio deles ( no meio das pessoas).

 Êxodo 25.8

Ora, desde o momento em que Deus ordenou que o tabernáculo fosse feito, o objetivo era Deus habitar nas pessoas.

O templo físico não compete com o templo interior, com o templo que deve ser nosso corpo. O templo físico não compete com o templo que existe no céu. Não existe disputa.

A necessidade de se desvalorizar o templo físico é sinal da necessidade de se suplantar a fé original. Essa estratégia maligna foi usada por Jeroboão, que se rebelou e estabeleceu em Bétel e em Dan, novos centros de adoração.

Hoje, vemos centenas de Betheis e de Dans espalhadas pelo mundo, enquanto o local que o Senhor escolheu para fazer habitar o seu nome , o templo do monte em Jerusalém, permanece em ruínas. 

Muitos daqueles que gostam de tirar fotografias nas ruínas  do templo, ficarão ofendidos quando o templo for reconstruído. Afinal de contas, as organizações religiosas não judaicas, certamente não terão voz na condução do que acontece no Templo. 

Apesar dos discípulos de Jesus terem continuado a frequentar o templo e de oferecer sacrifícios lá, isso, de alguma forma, está muito longe das teologias modernas. 

Imaginem o templo reconstruído e administrado por Judeus Religiosos!! Imaginem o retorno dos sacrifícios!!Que horror!! 

A sociedade de proteção dos animais fará protestos se esquecendo que foi o próprio Deus que matou o primeiro animal:  

Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. 

Gênesis 3.21

Para cobrir a nudez do homem, um animal teve que morrer, e sua pele foi usada. 

Esse primeiro sacrifício, prefigurar o sacrifício do messias, está estampado na cara do leitor!

No livro de Atos temos que os discípulos estavam na casa de Deus, no Templo, celebrando a festa judaica de Shavuot, ou Pentecostes, quando o Espírito Santo caiu sobre os discípulos. Vejamos:

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso,

 e encheu toda a casa onde estavam 

E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo,

 e pousou uma sobre cada um deles. Atos 2.2-3 

Foi exatamente lá, na casa, no templo, que o Espírito Santo caiu sobre os discípulos. O fato dos discípulos estarem no templo não deveria ser surpresa para ninguém pois onde mais poderia estar um grupo de judeus fiéis a Yeshua do que no templo? Lucas afirma que após a ressurreição, após ele ser elevado aos céus…

Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu. Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo;

 e estavam sempre no templo, louvando a Deus. 

Lucas 24.51-53

Isso é confirmado no livro de Atos que diz: 

Diariamente perseveravam unânimes no templo/ na Casa, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo.

 Atos 2.46

Muitos ficam surpresos ao saber que, ao contrário do que se imagina, os discípulos não estavam escondidos em uma residência comum quando o Espírito Santo desceu sobre eles. A crença de que estavam ocultos devido ao antagonismo dos judeus por causa de Yeshua é um equívoco. De fato, como poderia uma multidão grande o suficiente para que 3.000 pessoas se convertessem reunir-se em uma simples residência?

Ora, a casa na qual os discípulos estavam, era nada mais nada menos que o Templo! Uma das maneiras de se referir ao Templo era chamá-lo de Casa! Tando Daniel, Esdras e  Ezequiel, usaram essa nomenclatura para se referir ao Templo. Vejamos: 

Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo / bait / בּיִת , e eis que saíam águas de debaixo do limiar do templo / bait / בּיִת , para o oriente;

 porque a face da casa / bait / בּיִת dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa / bait / בּיִת, do lado sul do altar.

 Ezequiel 47.1

Depois disto, o homem me fez voltar à entrada da Casa / bait / בּיִת , e eis que saíam águas de debaixo do limiar da Casa / bait / בּיִת , para o oriente;

 porque a face da casa / bait / בּיִת dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da Casa / bait / בּיִת, do lado sul do altar.

 Ezequiel 47.1

Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados da Casa/ בּיִת de Deus / אַלָהּ que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas (…) Daniel 5.3

Cessou, pois, a obra da Casa / bait / בּיִת   de Deus / אַלָהּ, a qual estava em Jerusalém;

 e isso até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.

 Esdras 4.24

Deus faz questão de escolher quem seria o construtor dessa obra tão importante. Vejamos:

(…) Eis que o Senhor chamou pelo nome a Bezalel, filho de Uri (…)

Êxodo 35.30

Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe,

 filho de Aisamaque (…)

Êxodo 35.34

Os nomes dos responsáveis por essa obra revelam segredos interessantes: Bezalel significa: na sombra de El, ou na sombra de Deus. Bezalel,  era filho de Uri, ou seja, filho da minha Luz. Oliabe, ou seja, Orel Av, significa A tenda do Pai, e por fim, Aisamaque, significa  no meu irmão eu confio, me apoio, descanso.

Bezalel / na sombra de El / בְּצַלְאֵל 

filho de Uri /filho da minha luz / אוֹר  אֵל /  אוּרִי 

Aoliabe / orel  av /  אוהל אב / a tenda do pai 

Aisamaque / no meu irmão eu confio, me apoio, descanso /  אֲחִיסָמָךְ /   אֲחִי  סָמָךְ 

Voltando ao nome Bezalel, na sombra de El, devemos nos lembrar que no livro de Hebreus o Templo, o tabernáculo são considerados como “a sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5), ou seja, sombras de El. Para se criar uma sombra, deve haver um objeto real e deve haver luz. A imagem projetada é uma forma de realidade, e requer que a coisa real exista. No céu está o Santuário celestial que um dia, descerá:

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 

Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo:

 Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles.

 Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,

 porque as primeiras coisas passaram.

 Apocalipse 21.1-4 

O Templo que existiu em Jerusalém foi feito de acordo com o modelo desse templo celestial que sempre existiu: 

Segundo tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.

 Êxodo 25.9

Levantarás o tabernáculo segundo o modelo que te foi mostrado no monte.

 Êxodo 26.30

Vê, pois, que tudo faças segundo o modelo que te foi mostrado no monte.

 Êxodo 25.40 

De forma similar, aqueles que desejam ser um canal de Deus no planeta terra, são comparados ao templo, a casa de Deus e por isso devem andar segundo o modelo estabelecido por Deus. 

Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

 I Coríntios 6.19 

Hoje, muitos que se gabam de ser “o templo do Espírito Santo” mas nem entendem o que isso significa. Seus corpos estão contaminados. Falta pureza.  E, sobre o  altar, não há sacrifício aceitável.

O mundo se opõe à construção de um novo Templo. Mas assim como  Deus escolheu o Messias como a pedra fundamental da criação, ele escolheu Jerusalém como centro do mundo e escolheu colocar o templo no centro de tudo. As portas do inferno não poderão prevalecer sobre essa escolha.