Interesse exagerado por Profecia

Interesse exagerado por Profecia

Uma fórmula quase que infalível das religiões populares para angariar adeptos é promover conferências sobre profecias.

As pessoas tem interesse em saber o futuro. Esse interesse, per si, não é reprovável. Se Deus não desejasse que esse assunto fosse estudado, os livros de  Daniel, Zacarias, Jeremias, Obadias, João, Joel, Ezequiel, Apocalipse e muitos outros  não existiriam.

Acontece que o interesse exagerado nesse assunto pode ser sinal de imaturidade espiritual.

No livro de I Samuel 19:18 a 24 temos uma interessante história. Saul planeja matar Davi mas Davi foge e se refugia na casa dos profetas, junto com o profeta Samuel. 

Saul então envia três grupos de mensageiros até lá para que eles trouxessem Davi até ele. 

O inusitado dessa história é que os três grupos de mensageiros, ao se aproximarem dos profetas passaram eles mesmos a profetizar! Ao invés de capturarem Davi e o levarem até Saul, eles ficaram lá junto com todos os profetas tendo uma experiência sobrenatural.

Devido a isso, o próprio Saul decide ir pessoalmente lá. Entretanto, bizarramente, o próprio Saul começa também a profetizar e inclusive se humilha e se despe de sua capa. Passa o dia prostrado no chão tendo uma experiência com Deus. Vejamos o que acontece com Saul: 

(…) o mesmo Espírito de Deus veio sobre ele, e ia profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá. E ele também despiu as suas vestes, e ele também profetizou diante de Samuel, e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite (…) I Samuel 19: 23 e 24 

Entretanto, mesmo depois dessa experiência sobrenatural com o dom de profecia, um pouco depois desse evento, no capítulo seguinte, a história mostra Saul irado novamente contra Davi e dizendo que Davi deveria morrer.

Ou seja, experimentar o dom de profecia, não transformou o caráter de Saul. Ele continuava   mais interessado em preservar o seu reino do que interessado no Reino de Deus. 

Na verdade, cada experiência com o dom de profecia, é também um teste. Quando o profeta acerta, sempre existe a tentação de se imaginar que profetizar seja um grande sinal de espiritualidade. E é aí que mora o perigo.

A primeira pessoa na Bíblia que recebeu o título de profeta foi Abraão. Ora, Abraão na ocasião em que recebeu essa denominação, não estava nos seus melhores dias. Ele havia acabado de colocar sua esposa Sara, nas mãos de outro homem: Abimeleque. Abimeleque era um rei que queria casar com Sara. Como Abraão temeu ser morto por Abimeleque, ele consentiu dar Sara para ele e usou de uma meia verdade para disfarçar que ele era casado com Sara.No meio dessa situação embaraçosa Deus interfere fazendo o próprio Rei pagão desistir de Sara.

Deus diz a Abimeleque:

(…) devolve agora a mulher a seu marido, porque ele é profeta e intercederá por ti, e conservarás a vida;  Gênesis 20.17

Ora, ser profeta, ou experimentar os dons proféticos, não é necessariamente sinal de maturidade espiritual ou grandeza de caráter. 

É interessante observar que, no NT, é justamente o dom de profetizar que é destacado por aqueles que são barrados do Reino dos Céus. Aqueles que profetizam e fazem sinais maravilhosos não escapam à condenação. Vejamos: 

Nem todo o que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino do céu, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está no céu. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu nome?  Em teu nome não expulsamos demônios? Em teu nome não fizemos muitos milagres?

Então lhes direi claramente:  Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais o mal. 
Mateus 7: 21- 23

Após essa breve reflexão, pode-se concluir que: obedecer a Deus é melhor que saber o futuro. Ter caráter é mais importante do que ter carisma. Amar é maior que profetizar.