Alegrar-se com a Vitória do Outro

A história de Caim e Abel revela algo inesperado. Analisemos esse relato onde dois adoradores cultuam ao Deus verdadeiro com suas ofertas. Os dois ofertantes dirigem sua adoração ao único Deus. Não há nenhum ídolo, nenhum dos dois é idólatra.

Também as  ofertas trazidas não contêm em si mesmas nada de negativo ou reprovável. Tanto animais abatidos como frutas, cereais e verduras são prescritos por Deus como ofertas aprovadas. Vejamos:

Guardarás a Festa da Sega (ou Pentecostes), dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a Festa da Colheita (ou Cabanas), à saída do ano, quando recolheres do campo o fruto do teu trabalho. Êxodo 23.16

Mas, por holocausto, em aroma agradável ao Senhor,  oferecereis um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano; ser-vos-ão eles sem defeito. Números 29.8

Então, o que haveria de errado com a oferta de Caim para que Deus não se agradasse dela?

A resposta a essa pergunta pode estar no fato de que, quando Deus aprova a oferta de Abel e desaprova a oferta de Caim, uma reação de revolta e ódio aparece:

Irou-se pois sobremaneira Caim e descaiu-lhe o semblante. Então lhe disse o Senhor:  Porque andas irado, e porque descaiu o teu semblante? Gênesis 4.5b – 6

Muitos ficam irados e se sentem em desvantagem quando Deus escolhe aprovar outra pessoa. Ao invés de corrigirem seu coração obcecado por obterem o primeiro lugar no campeonato da espiritualidade, essas pessoas desenvolvem um comportamento crítico aos outros e exigem que suas percepções sejam validadas a qualquer custo.

Sua busca por aprovação não se limita a atacar todos os possíveis concorrentes, eles acabam se isolando e consideram seus exílios auto-impostos como sinal de superioridade. 

Frequentemente, esses profetas solitários insistem em comportamentos pseudo-espirituais e são capazes de enfrentar sofrimentos com resignação. 

Entretanto, falham em entender que, apesar de serem os “campeões das ofertas”, “os heróis do sofrimento” , o que Deus realmente deseja é que eles se alegrem com o sucesso de outras pessoas e que apoiem aqueles que Deus está aprovando. 

A história de Caim, portanto, está se referindo a algo muito mais profundo do que muitos imaginam. O comportamento de Caim é muito mais comum do que gostaríamos de admitir.

Difícil encarar que, quando olhamos no espelho, muitas vezes vemos  a imagem de Caim se confundindo com a nossa própria imagem.

É hora de corrigirmos nosso comportamento e aprendermos a vibrar com o sucesso do nosso irmão.