A Salvação Vem dos Judeus 

A Salvação Vem dos Judeus 

Para espanto de muitos e desprazer de alguns, a expressão a salvação vem dos judeus foi proferida por Yeshua. A palavra judeu pode gerar desconforto e repulsa. Mas Yeshua selecionou exatamente essa palavra para evangelizar a samaritana, sugerindo que o processo de conversão passa pelo confronto de conceitos errados. 

Apesar de querer alcançá-la, o Messias não se furta em afirmar que os judeus, e não os samaritanos, adoravam com conhecimento. 

Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, 

porque a salvação vem dos judeus.  

João 4.22

Para ajudar aquela mulher a reconhecer quem ele é e levá-la ao caminho da salvação, Yeshua foi direto ao ponto. Ele não procurou deixá-la em uma situação confortável, contudo tocou a ferida. Os samaritanos deveriam ser  amados, como o Messias havia ensinado na parábola do bom samaritano.  Mas  também precisavam ser corrigidos. Yeshua não se deixa constranger pela sensibilidade dos samaritanos a fim de ser aceito. 

Amar não significa deixar-se controlar pela sensibilidade do outro. Se, por um lado, sejamos  direcionados a agir estrategicamente de forma sutil e indireta em algumas situações, por outro lado, é justamente uma abordagem mais confrontativa que surtirá os resultados necessários. 

O destaque que o Eterno confere ao povo judeu se evidencia de muitas maneiras. Em hebraico, a palavra judeu/יהודי/yerudi, vem da palavra Judá. 

  judeu/יהודי/yerudi 

Judá / יהודה

 Deus/ יהוה

O nome de  Deus/ יהוה está escondido no nome Judá / יהודה. Ele fez questão de deixar sua marca no próprio nome da tribo do qual viria o Messias. Mais do que isso, a palavra Judá é formada pelo nome do Eterno/ יהוה acrescentado de uma letra apenas, o dalet  ד:

Judá/ יהודה

Nome santo do Senhor / יהוה 

Vemos também que o nome da letra ד/dalet é formado pelas mesmas letras que a palavra porta: דֶּלֶת/delet. Parece existir uma dica semântica na palavra Judá / יהודה indicando que o Messias viria pela porta / delet /דֶּלֶ  de Judá. 

Ao afirmar que a salvação vem dos judeus, revelando que viria da tribo de Judá/ יהודה, estaria Yeshua sugerindo quem ele é verdadeiramente?

Ao analisar a história de Judá, um dos doze filhos de Isaque, também podemos achar uma dica messiânica importante. Em Gênesis 44, temos o episódio no qual Benjamim é ameaçado de ficar preso no Egito e impedido de retornar ao seu pai Jacó. 

Diante de tão grande perigo, Judá se prontifica a pagar a pena de Benjamim e sofrer em seu lugar. Vejamos como ele faz para mediar a situação: 

Agora, pois, fique teu servo em lugar do moço por servo de meu senhor, e o moço que suba com seus irmãos. Porque como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? Para que não veja eu o mal que a meu pai sobrevirá.

Gênesis 44.33-34

Em sentido figurado, Judá se prontificou até a “morrer” no lugar de seu irmão. E foi exatamente isso que Yeshua viria a fazer por nós. Ele se entregou para cumprir a pena que era destinada à humanidade por causa do pecado. 

A figura e a missão intercessória e substitutiva do Messias estão escancaradas no Antigo Testamento por meio do gesto de Judá, registradas na história do povo hebreu. Está escrito: 

O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha 

Siló; e a ele obedecerão os povos. 

Gênesis 49.10

Essa declaração parece se refletir nas palavras dirigidas a João por um dos anciãos, no último livro da Bíblia: 

Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi,

venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 

Apocalipse 5.5

Voltando à cena do encontro do Senhor com a  samaritana, vemos algo importante: Yeshua estava evangelizando uma pessoa cuja fé havia sido contaminada por conceitos errados. Ela conhecia o conceito correto de Messias:  Eu sei que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.

Os samaritanos guardavam o sábado, praticavam o batismo/mikev e outros rituais de purificação. Entretanto, discordavam dos judeus a respeito do lugar correto para se celebrar a Páscoa e as demais festas do Eterno. 

A vida  daquela mulher estava em completa desordem. Já havia tido cinco maridos e não estava casada com o atual. Havia confusão na sua teologia, assim como na sua vida pessoal. Como os seus compatriotas, ela resistia à fé dos judeus por não concordar com o local de adoração. 

Neste ponto, não podemos nos esquecer de algo intrigante. Nas histórias bíblicas, tanto a esposa de Isaque como a de Moisés foram encontradas ao lado de um poço de água. Estaria Yeshua procurando no poço sua Noiva perdida? Será que aquela mulher que nunca havia conseguido encontrar a paz conjugal entenderia que Yeshua é o marido perfeito? 

A visão de mundo de tantos que creem em Yeshua e têm uma expectativa messiânica correta está em desordem devido a disputas teológicas. A samaritana, diante do Noivo,  o próprio Deus, estava debatendo e resistindo a ele. Os samaritanos sentiam-se inferiorizados devido à sua origem: metade judaica e metade pagã.   

De forma semelhante, hoje, Yeshua está no poço de Jacó procurando sua Noiva. Será que a encontrará? Será que aqueles que resistem à fé original abandonarão suas disputas?

Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? Lucas 18.8