O resgate do Espírito

O resgate do Espírito Santo
A idéia popular de que, na época do  Antigo Testamento o Espírito Santo somente visitava os Filhos de Israel, mas que, depois da vinda de Cristo, ele passa a habitar nos fiéis, é de difícil defesa. Esse entendimento normalmente é usado para se validar a “igreja” contemporânea porém entra em contradição com as escrituras. Ageu, falou as seguintes palavras  a Zorobabel, neto de Jeconias e a Josué, filho do sumo sacerdote, quando os judeus estavam vivendo no exílio babilônico: 

(…) eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos; segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito,

o meu Espírito habita no meio de vós; não temais. Ageu 2.4-5

Ora, Deus declara, no Antigo Testamento, que o Espírito dele habita no meio dos Filhos de Israel. Deus não diz que o Espírito visitava os filhos de Israel, mas,  o meu Espírito habita no meio de vós ainda que no exílio. 

Davi, personagem do Antigo Testamento, também não parece estar de acordo com essa teologia. Ele indaga: Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? 
Salmo 139.9

Salomão, filho de Davi, regista as palavras do Senhor no que diz respeito ao derramar do espírito, fenômeno que muitos imaginam ser monopólio da “Igreja do Novo Testamento”:

Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras. Provérbios1.23

Yeshua afirmou que Deus é espírito (João 4.24), por isso, entendemos que o Espírito Santo, que é o mesmo que Deus, habitou com os filhos de Israel no deserto: me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles (Êxodo 25.8). O Tabernáculo foi levantado no deserto para reunir a congregação/igreja no meio da qual o Espírito Santo habitou.

Em João 3.8 Yeshua disse:  O vento/רוּחַ / ruar sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito/ רוּחַ/ ruar.

Ou seja, o  espírito sopra onde quer e não se submete as nossas teorias. Quem imagina participar de uma organização que teria o monopólio do Espírito Santo cai em grande erro. Axiomas desejados são difíceis de abandonar, mas, em face a argumentos bem fundamentados, teologias imaginárias devem sucumbir. 

Em conclusão, aquilo que conhecemos hoje como “Igreja Cristã”, é uma criação imaginária que inexiste na bíblia. Conforme nos mostra a história,  algumas dessas instituições, seguindo o modelo romano, estão ligadas a governos e  não raramente fornecem a esses governos instrumentos de controle e até mesmo justificativa para guerras sujas.  A aliança entre Igreja e Estado se mostrou bastante eficaz, pois é mais fácil dominar pela promessa sedutora de vida eterna do que pela força bélica dos exércitos. 

Apesar desse engano já ter durado 2.000 anos, sabemos que não durará para sempre. Sigamos, portanto, em frente, redescobrindo a Igreja do Sinai.

Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Mateus 15.13

Silvia Mazoni